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domingo, 10 de junho de 2007

10 de Junho, O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas – História de um Símbolo Nacional


No Século XIX, estabeleceu-se que a data do falecimento de Camões teria ocorrido a 10 de Junho de 1580. O responsável por isso foi o visconde de Juromenha que descobriu, na Torre do Tombo, um documento onde era mencionada a quantia a que a mãe do poeta, D. Ana de Sá, tinha direito após a morte do filho, cuja data era indicada. As celebrações nacionais do tricentenário da morte do épico, em 1880, pelo impacto que tiveram na sociedade da época e pelo rasto que deixaram para a posteridade, inscreveram o dia nos fastos da memória republicana e nacional.
A monarquia constitucional não voltaria a comemorar a data. Foi a primeira vereação republicana da Câmara de Lisboa que decidiu transformá-la em feriado do município de Lisboa e num dia especialmente celebrado na capital do país. Ao sabor das vicissitudes políticas e da instabilidade da Primeira República Portuguesa, o 10 de Junho foi comemorado durante vários anos, num misto de celebração laica e republicana, dominada pelo grande ideal da Instrução Pública, e de arraial popular, dada a proximidade dos festejos do Santo António.
Somente em 1925, na sequência das comemorações do quarto centenário do nascimento do poeta (também festejado na data da morte, por se desconhecer a do nascimento), é que a data foi consagrada como Festa de Portugal. Mas foi a Ditadura que, finalmente, institui como feriado nacional. O estado novo manteve o feriado que, depois de um período de esmorecimento, foi recuperado no quadro da mística imperialista do regime e das comemorações do sacrifício de sangue que os soldados portugueses estavam a fazer nas guerras de África. A designação oficial continuou a ser de Dia de Portugal, mas a retórica vigente recuperou uma expressão já utilizada na comemoração do centenário em 1924, o Dia da Raça. A expressão não tinha um único sentido e tem de ser lida nos contextos em que foi utilizada para se perceber os vários significados que lhe foram atribuídos.
Depois do 25 de Abril, de 1974, num quadro democrático e pós colonial, o dia 10 de Junho manteve-se como um dos mais importantes feriados nacionais. A designação foi alterada para Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas. A celebração perdia o cunho imperial, mas não deixava de evocar a diáspora dos Portugueses pelo mundo. O dia 10 de Junho e o Príncipe dos Poetas mantêm-se, assim, como um dos mais perenes símbolos da Nação Portuguesa.


Texto de Maria Isabel João
(U.Aberta/CEMRI)

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